*Por Wilhelm Goschy
A indústria automotiva está enfrentando uma tremenda mudança que está causando preocupação em muitas empresas. A atual incerteza no setor também é confirmada pelo estudo “Succes in Change”, realizado pela STAUFEN. Foram entrevistados mais de 400 altos executivos de empresas alemãs, incluindo cerca de 70 da indústria automotiva.
Cerca de 64% dos executivos do setor automotivo veem um risco alto ou até muito alto de interrupção de seus próprios modelos de negócios. Os principais desafios do setor incluem a eletromobilidade, vinculando automóveis a serviços digitais e a introdução de novos modelos de negócios digitais via aplicativos. Até agora, entretanto, a maioria dessas inovações digitais, como a eletromobilidade, ainda não é uma realidade para grande parte das pessoas e o compartilhamento de carros ainda não é lucrativo.
Apesar disso, algumas empresas estão aproveitando a situação atual para revisitar seus modelos de negócios e sua gama de produtos. Elas entraram na eletromobilidade e desenvolveram seus próprios carros elétricos. Mas a grande maioria das empresas automotivas é mais cética em relação a uma mudança radical do que outras indústrias líderes. Para comparação, no setor elétrico e na engenharia mecânica, por exemplo, apenas 52% e 45% dos gerentes, respectivamente, consideram a possibilidade de sucesso de ‘invasores disruptivos’.
O estudo mostra claramente que todas as empresas do setor automotivo estão se questionando sobre a decadência do segmento, que sempre se manteve pioneira em inovação na economia alemã. O “Change Readiness Index” do setor automotivo, coletado como parte do estudo “Success in Change”, caiu de 61 para 55 pontos este ano (este índice já chegou a 100 pontos). Isso coloca a indústria automotiva, em termos de grau de mutabilidade, agora apenas em pé de igualdade com a indústria elétrica e pouco antes da engenharia mecânica e da manufatura (53 pontos).
O futuro desenvolvimento da indústria automotiva requer uma nova cultura de liderança
Um levantamento detalhado dos dados para os setores individuais permite identificar os maiores canteiros de obras da indústria automotiva. As maiores quedas foram identificadas em termos de estruturas (de 62 para 53 pontos) e de liderança (de 58 para 50 pontos). Isso confirma a tese de que as medidas de austeridade utilizadas até agora estão desacelerando a mudança na cultura de liderança e que o setor também está escorregando quando se trata de agilidade.
Um maior desenvolvimento da cultura corporativa e de liderança, bem como um avanço na capacidade de se adaptar a mudanças, são pré-requisitos indispensáveis para uma transformação bem-sucedida. O desenvolvimento de novos mercados e de novos modelos de negócios também devem apresentar as oportunidades da Indústria 4.0.
Somente dessa maneira um portfólio pode estar sistematicamente alinhado com o futuro e com os recursos, funcionários e instalações existentes, com foco na efetiva criação de valor. O sucesso na transformação só pode ocorrer quando os fornecedores automotivos e os OEMs ficam atentos a seus próprios pontos fortes e às oportunidades associadas a cada mudança.
Wilhelm Goschy é CEO da Staufen. Goschy estudou administração de empresas na Alemanha e na Grã-Bretanha.
Anteriormente, na Porsche AG, Goschy adquiriu um profundo conhecimento sobre fabricação e montagem como controlador e gerente de projetos. Wilhelm Goschy trabalha como sócio sênior e gerente de unidade de negócios para executivos seniores desde 1999. Já liderou grandes projetos, projetou o treinamento de especialistas Lean e é responsável, entre outras coisas, pelo desenvolvimento internacional da Staufen.
